quinta-feira, 7 de janeiro de 2010

ARTIGO

Professor, sim. Palhaço, não.
Ser educador nesta era é muito mais que estar em sala ensinando seus alunos conhecimentos científicos.

Cada final de bimestre nós professores nos reunimos para aquele momento tão esperado: o Conselho. Ficamos ansiosos para nos encontrar com os colegas – parece que eles nos ajudarão a resolver os problemas encontrados na nossa disciplina – para juntos buscarmos soluções para algumas angústias, como a desatenção, o desleixo, o desinteresse, a despreocupação, o desrespeito, e...otras cositas más que percebemos durante o trabalho pedagógico com os alunos.
Então, logo que se inicia o Conselho de classe, ouve-se da maioria dos professores aquelas mesmas preocupações que gostaríamos de dizer. ­E o jeito é pegar carona e chorar nossas mágoas também. Engraçado ou não, assim se desenrola o encontro. Ao terminar o Conselho, o que ficou decidido? Caro(a) leitor(a),essa pergunta é difícil de responder .
Sou professora há apenas 14 anos e tive algumas experiências bem interessantes nesta curta caminhada – curta porque não é possível pensar em aposentaria ainda - e a sensação que tenho é que todos os recursos tecnológicos ou não-tecnológicos que dispomos hoje não satisfazem os educadores e nem os técnicos.. Vejo que vivemos um período conturbado, confuso, desafiador e a sensação de impotência frente aos avanços é imensa. O que fazer? Como vamos viver desse jeito? Quando vamos nos sentir felizes? Realizados? Como se não bastasse, ainda há aquelas pessoas que apenas veem de fora o nosso trabalho de profissionais da educação e acham que ganhamos muito bem pelo que fazemos. Meu Deus! Quanto mais a escola, a família e de maneira geral a sociedade tentam unir forças, para construir um espaço no mundo com mais dignidade, honestidade, mais nos distanciamos. Passamos a bola para frente. Ao invés de formarmos um ‘trio amoroso’, mais separados ficamos!
Está na hora de cada um receber o ônus e assumir o bônus. Temos, enquanto professores, pais, alunos, diretores, assistentes, políticos, entre outros envolvidos, diretamente ou indiretamente na Educação, que assumir o nosso papel, cada um fazendo a sua parte. Todos têm direitos e deveres e, portanto, vamos fazê-los valer.
O professor Fernando José de Almeida, docente na Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, vice-presidente da TV Cultura, em seu artigo publicado na Revista Nova Escola (outubro/2009),expõe acerca da importância do Gestor escolar. Pessoa imprescindível para que o trabalho escolar seja desenvolvido com eficiência, qualidade e responsabilidade, visando sempre o aprendizado do aluno e que deve assumir sim, junto com os demais envolvidos, o fracasso escolar. Para tanto, deve ser competente, compreensivo, autêntico, dinâmico e, acima de tudo, conhecedor para colaborar, visando o sucesso escolar e, de forma alguma, demonstrar satisfação por um trabalho bem feito quando há uma boa parcela de alunos reprovados. Da mesma forma o gestor familiar.
Prezado(a) leitor(a), você deve estar pensando que eu não gosto do que faço. Muito pelo contrário, de tanto que amo, sofro. Sofro ao ver tantas injustiças educacionais – âmbito familiar, escolar e social -. Passa-me, às vezes, a ideia de que todos “lavaram as mãos e que seja o que Deus quiser”. Não podemos agir dessa maneira, não podemos ser tão ignorantes ao ponto de acharmos que os nossos filhos-alunos “devem se virar”. Eles precisam de nós. Assim como fomos orientados, educados, devemos ensinar e exigir deles. Os valores morais não morreram, estão sendo afundados por nós. Nós estamos desorientados, porém não (ainda) perdidos.
Levando em consideração todas essas peripécias educacionais, sempre que há a possibilidade de participar de curso de formação e/ou aperfeiçoamento eu faço. E, quando surgiu a oportunidade de participar do Curso GESTAR não foi diferente. Um momento de aprendizagem, até então, ímpar. Material que realmente condiz com a minha prática pedagógica.
No desenvolvimento das atividades dos TPs – Cadernos de Teoria e Prática – elaboramos um Projeto a fim de aplicá-lo em sala de aula e analisar os resultados. Como já explicitei, penso que uma das formas de sermos reconhecidos é por meio da educação e do trabalho. Defendo a tese de que precisamos ensinar os nossos filhos-alunos a pensar e trabalhar. Para tanto, o tema escolhido para o referido projeto foi: Trabalho: a valorização do ser humano.
Foi excelente. Procurei saber o que pensam sobre trabalho; como conceituam trabalho; se almejam ter um trabalho; estudo e trabalho; linguagem e trabalho, enfim, muitos questionamentos. Várias atividades foram realizadas, como: conhecer o História do trabalho, peças teatrais, músicas, filmes, pesquisas sobre o mercado de trabalho hoje e quais as perspectivas, participação em júri, textos jornalísticos, argumentativos, expositivos, correspondências oficiais e não-oficiais, curriculum vitae e muitas outras.
A partir do Curso Gestar me senti mais segura em trabalhar a disciplina de Língua Portuguesa e colher bons resultados, não de imediato, mas certamente quando eu vir os meus (ex)-alunos felizes profissionalmente.
Acredito num mundo melhor, mas construído no coletivo. Com esforço, dedicação e muito trabalho.
Para mim “é o trabalho que dignifica o homem”.


Jucilei Passoni Giacomin
Professora de Letras: Português e Espanhol, Escola de Educação Básica Emília Boos Laus Schmidt – Saltinho-SC.

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